Dois anos antes do ataque nazista a seu país, em Krasnodar, sul da Rússia, o fotógrafo amador e eletricista Semyon Davídovitch Kirlian e sua esposa Valentina montaram uma aparelhagem inusitada, capaz de reproduzir fotograficamente, sem lente ou câmara, uma luminescência. Era como se a máquina fotografasse a “luz da alma” de coisas vivas.
O caso é contado no famoso livro A Vida Secreta das Plantas, de Peter Tompkins
e Christopher Bird. Um especialista em plantas pede ao casal que fotografe duas
folhas idênticas, sem nada mencionar sobre elas. O casal, vendo-as idênticas,
trabalha arduamente tentando obter fotos também idênticas, o que no final se
mostra impossível. Desconcertados, mostram as fotos ao especialista, que só
então explica, admirado, que uma folha fora arrancada de uma planta saudável, e
a outra, de uma doente. Ficava claro que a doença, antes de se tornar visível
na estrutura física, como um sintoma, manifestava-se no campo energético da
planta afetada.
A “aura”, outro nome dado a
essa luz, estava agora mais próxima da ciência do que nunca, e não só desenhada
ao redor da cabeça dos santos.
As imagens obtidas em tons róseo-azulados possuíam também pontos de luz
“salpicados” pelas margens da folha fotografada, isso se ela estivesse em bom
estado. A análise era o “x” da questão: algumas fotos mal mostravam o contorno
da folha; em outras, os pontos de luz desenhavam seu contorno, inclusive as
nervuras, por onde circula a seiva. Plantas com deficiências minerais exibiam
um tom azul marinho em parte da folha, ou por toda ela. Partes rosadas
indicavam “boa saúde”, assim como os pontos de luz.
Como convidada de honra do Programa Social Agropecuário a Misiones, Argentina, em 1996, Ana mostrou primeiro duas fotos: a de uma folha em que tinha sido aplicado fungicida, e outra de folha cultivada em terra orgânica. Ao redor desta, havia raios de energia. Ela explicou: “A primeira não tem essa energia que a protege contra os parasitas, então eles a atacam facilmente, matando-a porque a planta está completamente indefesa. Vocês podem ver que essa planta está perdendo toda sua energia, não tem mais força, porque está mal nutrida. Vemos agora a fotografia da planta bem nutrida. É uma planta normal que se defende e não tem nenhum perigo de ser atacada por pragas.”
Num encontro de agroecologia realizado em Campinas em novembro de 2003, ela
escreveu:” Os defensivos conseguem matar insetos e micróbios, e, inicialmente,
aumentar as colheitas. Mas as plantas, livres de parasitas, permanecem doentes
como anteriormente, porque suas substâncias semi formadas continuam circulando
na seiva, como pode ser observado nas fotografias de sua aura magnética. Por
isso, o valor biológico dos seus produtos é baixo até muito baixo, conforme a
frequência com que se tem de aplicar os defensivos.
Essas fotografias da alma (ou energia das plantas) passaram a ser usadas em praticamente todas as palestras de Ana. As fotos eram mostradas nas antigas transparências com retroprojetores, e a teoria da deficiência mineral que leva a uma doença vegetal tinha agora uma fotografia. O método Kirlian seria outra ferramenta para se dizer: o solo é, de fato, a base de tudo.
Fonte: livro Ana Maria Primavesi- histórias de vida e agroecologia.