Como forrageiras entendemos especialmente gramíneas e leguminosas, apesar de existirem ainda inúmeras ervas silvestres que, por uma ou outra qualidade, são valiosas ao gado. Geralmente as ervas são mais ricas em minerais que as gramíneas e leguminosas, e constituem uma fonte valiosa dos mesmos. Contém, além disso, substâncias amargas que aumentam o apetite, substâncias antibióticas – como na tanchagem (Plantago sp) – que fazem o gado mais resistente às infecções, etc. As ervas constituem uma forragem e nem sempre devem ser consideradas inços, muitas vezes constituem valiosa complementação.
Existe a crença segundo a qual as leguminosas nativas não fixam nitrogênio. Ora, nas condições em que são mantidas nas pastagens, nenhuma leguminosa conseguirá fixar nitrogênio. Assim, para que isso aconteça, a planta deve alcançar um certo volume, isto é, deve ser forte e vicejante, haja vista que a simbiose é uma sociedade em que a planta tem de fornecer à bactéria, carboidratos na forma de açúcares simples, e a bactéria deve fornecer – depois de morta – à planta, o nitrogênio fixado. Porém se a planta tiver que lutar pela sobrevivência por estar mal nutrida, se em seguida for cortada ou se for pastada, se for inundada ou sombreada, ela não poderá manter essa sociedade e não haverá fixação.
Assim, por exemplo, soja-perene (Glycine javanica) fixa até 120 kg de nitrogênio puro por hectare, o que equivale a aproximadamente 600 kg/ha de sulfato de amônio. Porém se ao gado se permite pastá-lo cada vez que forma suas primeiras duas ou três folhinhas, ele nunca terá possibilidade de fixar nitrogênio.
Dessa forma, o problema pastoril torna-se cada dia mais agudo, especialmente em face do aperfeiçoamento zootécnico sempre maior, da introdução de raças de elevada capacidade produtiva e por conseguinte de grande exigência alimentar. É natural que animais de alta produção necessitem forragem muito melhor que animais rústicos.
As pastagens sofreram com queimas irregulares e descontroladas que contribuíram para sua decadência. Durante séculos o gado pisoteou o chão pastoril e comeu, segundo cálculos, por animal, 125 toneladas de forragem. Uma parte dos minerais retornou sob forma de estrume e urina; mas uma quantidade ao redor de 25 kg, especialmente cálcio, fósforo, magnésio bem como um vasto espectro de outros minerais foram removidos juntamente com cada animal vendido.
O solo tornou-se cada vez mais pobre. Durante séculos o gado fez uma seleção negativa das plantas pastoris. Comia as melhores plantas, as mais tenras, as mais ricas, as mais cheirosas – uma vez que se diz que o gado não tem paladar e pasta segundo o olfato – e desprezava as plantas mais fibrosas, mais pobres, as venenosas e pouco valiosas. Estas, assim, nunca foram judiadas pelo animal e se multiplicaram livremente, enquanto aquelas, sempre lutando pela sobrevivência, terminavam por se enfraquecer de tal maneira que posteriormente desapareciam.
As pastagens tornaram-se grosseiras, especialmente onde os solos eram mais pobres e mais ácidos. Os solos compactos e empobrecidos não deram mais condições de vida às forrageiras melhores. Assim, no Planalto instalou-se entre a barba-de-bode (Aristida Pallens) uma flora gramínea temporária, principalmente primaveril. São plantas como capim-flechilla, capim-sereno, capim-pé-de-galinha e alguns Panicum que vegetam bem enquanto há chuvas, mas cujo ciclo de vida termina na entrada do verão. Somente assim podem resistir à seca, própria dessa estação, nestes solos de péssima estrutura e retenção de água. As pastagens secam, não porque a seca as queime mas porque sua vegetação entra em repouso.