Embora perdure o enfoque imediatista e consumista, a menor agressão à natureza ameniza o impacto. Também não se pretende exterminar pragas e pestes, por ser isso impossível e por elas pertencerem, em níveis naturais, ao ecossistema. Pretende-se manter os parasitas, em níveis sub econômicos, se não for possível reduzi-los a seus níveis naturais. A interferência nos ecossistemas deve ser a menor possível, respeitando-se os conjuntos naturais.
Dois exemplos devem ajudar na compreensão dos conjuntos naturais:
- Os
índios da Venezuela diziam: “Quando se caçam onças, índio morre de peste
negra”. Ninguém podia imaginar por que, e o Governo acreditou ser esta uma
superstição mantida pelos pajés para instigar o ódio contra os turistas. Emitiu
numerosas licenças de caça para onças, por ser uma fonte rentosa de divisas e
depois constatou estarrecido que os índios morriam mesmo de peste negra. Por
quê?
As onças, entre outros, caçavam também ratos, de modo que controlavam sua população. Mortas as onças, os ratos se multiplicaram violentamente, invadindo as malocas dos índios, trazendo a peste negra; - Em Bornéu, ilha do Oceano Indico pertencente à Malásia, fez-se o combate de pernilongos e moscas que infernizavam a vida, com DDT. Mas logo em seguida, houve uma multiplicação tão grande de ratos que a sobrevivência humana ficou ameaçada. Não comeram somente os grãos armazenados mas também as colheitas do campo. O que aconteceu?
As moscas mortas pelo DDT foram comidas pelas lagartixas, que sempre as tinham caçado. Os gatos comiam as lagartixas e morriam intoxicados, não podendo mais caçar os ratos.
A única solução que se encontrou para sanar a situação foi a de lançar dezenas e milhares de gatos com paraquedas sobre a ilha para controlar novamente os ratos.
A natureza é um mecanismo muito sutil. Interferindo-se num fator, desequilibram-se os outros. Conhecendo-se as inter-relações, permite-se um manejo perfeito. O homem sonhou em dominar a natureza, que considerava “malfeita”, como dizia Kruchev. Queria melhorar, mas somente conseguiu o que nosso poeta Paulo Eiró diz tão acertadamente: “O homem sonha monumentos mas só ruínas semeia para a pousada dos ventos”.
Tenta-se dominar mas somente se destrói, especialmente nos setores físico e biológico do solo. Nossa tecnologia atual não procura pelas causas, mas combate os sintomas quando aparecem. É mais fácil, ele exige menos inteligência e é mais lucrativo para as fábricas. Funciona segundo os versos de um poeta e humorista alemão, Wilhelm Busch: “Quando algo não agradar, meu princípio é matar!”
E, como os sintomas voltam religiosamente enquanto a causa que os provoca perdurar, é um mercado seguro e lucrativo para os defensivos. Para o agricultor é uma luta contra o vento. Pior, os seres combatidos se adaptam ou se tornam insensíveis ao tóxico usado ou se protegem, como no caso do bicudo do algodoeiro, que fecha o buraquinho por onde entrou com cera para não ser atingido pelos agrotóxicos usados e que se tornam cada vez mais tóxicos e agressivos, mais abrangentes e mais caros.