A tristeza é muito comum em nossos laranjais de variedades finas, enxertadas em base de laranja azeda.
Começa com o desenvolvimento de varas d’água com folhas excessivamente grandes. Depois vem uma época de rápido desenvolvimento de folhas pequenas e moderada desfoliação. A casca da laranjeira racha-se e exsudações resinosas aparecem. Ao mesmo tempo as folhas novas apresentam coloração um pouco mais claras que o normal. Mais tarde esse quadro se torna mais impressionante quando se formam faixas verde escuras ao lado das nervuras principais da folha enquanto a folha assume uma cor verde amarelada, aparecendo manchas pardas. Então começa uma desfolhação intensa. Há casos em que a desfolhação no outono é tão intensa que os pés de laranjeiras ficam completamente desnudados, exibindo somente as frutas maduras. O “die back” (morrer para baixo) dos pés principia.
No ano seguinte as frutas dos pés acometidos da tristeza caem em grande escala ao atingirem o tamanho de um coquinho, ostentando uma coloração escura. As frutas maduras apresentam casca grossa, têm menos suco e muitas vezes mostram lesões escuras ou são cobertas duma camada marrom e áspera. O “die back” continua com a maior velocidade. É uma tristeza acompanhá-lo. Quase todos os galhos novos são finos, morrendo logo. Brotam muitas varas de água que não prestam pra nada e têm de ser cortadas.
Nessa altura, nenhum trato adianta mais. Nem estrume de curral nem adubação química. Há anos chuvosos em que, às vezes, a tristeza melhora um pouco, mas em anos secos piora muito. Às vezes, uma irrigação pode prolongar um pouco a vida das laranjeiras. Melhoram também muito, às vezes, quando o laranjal é pulverizado com calda bordalesa e sulfato de cobre, e por isso, muitos supunham que a tristeza devia ser causada por alguma bactéria ou fungo que podia ser morto pelo enxofre. Mas no final, nenhum trato adianta nada verdadeiramente e os laranjais morrem mesmo.
“É um vírus”, diz-se, “porque se não fosse, a tristeza melhoraria com a irrigação, adubação ou pulverização!” Mas felizmente o que se chama “vírus” não é, neste caso, o agente responsável. Há pequena possibilidade de que um ataque bacteriano possa provocar esses sintomas também. Não é provável que o tão moderno “vírus” – fácil explicação para tudo que é difícil explicar – seja o culpado. Já no ano de 1912, cientistas norte-americanos fizeram experiências com magnésio nos laranjais de Averna-Saca no norte do Brasil, e a situação desses pomares melhorou muito; mas evidentemente, nunca foi aproveitada a sabedoria dessas experiências.
A tristeza não é deficiência de um elemento só, mas sim a carência de vários elementos. Nesse caso temos de responsabilizar a erosão interna com o esgotamento total dos nossos solos, especialmente devido às águas pluviais. Em todo caso, o “die back” é manifestação final de todas as carências que constituem a tristeza.
Sabemos perfeitamente que vários cientistas do solo são de opinião que magnésio, por exemplo, não falta em nossos solos. Mas como se explica então que em muitas citriculturas as laranjeiras fiquem cheias de frutas, em ramos completamente desnudados de folhas? Esse aspecto não é raro, é até bonito ver as laranjas douradas brilhando ao sol, desprotegidas de folhas.
Certo, a análise química revela ainda bastante magnésio no solo, mas a laranjeira não encontra as condições próprias para assimilar esse metal, deixando-o inaproveitado na terra. A deficiência em magnésio não é a razão única da tristeza, mas é um de seus fatores.
“O boro não tem nenhuma importância em nossas terras”, dizem muitos. É natural suporem isso, pois o boro existe ou deve existir somente em quantidades mínimas no solo e quase não há análise química da terra apta para encontrá-lo. Na citricultura, porém, os principais sintomas da tristeza são o da deficiência em boro. O “die back” dos pés, a casca grossa dos troncos, a acidez das frutas um tanto mais pálidas, as lesões escuras na casca das mesmas, a prematura murchidão das folhas são especialmente atribuídas à falta desse elemento.Muito comum é o relacionamento da deficiência em zinco e manganês com a de cobre, o qual provoca especialmente o mosaico nas folhas, uma desfolhação intensa e folhas pequenas no meio dos galhos, aparentemente sem motivo. As veias bem escuras numa folha bem clara e até amarela, bem parecidas com as que são devidas à deficiência de zinco, ms com um contraste de cores ainda mais pronunciado nas folhas novas, são típicas da deficiência em manganês.