É de conhecimento geral que a planta no sol absorve muito mais cálcio que planta na sombra. E, plantas de zonas secas são muito mais ricas em cálcio do que plantas de terrenos úmidos.
Em solos pobres de cálcio, o sombreamento reduz o teor em cálcio nos capins a ponto que o gado os recusa. Por outro lado, as plantas de sombra, com nível mais baixo de cálcio, absorvem mais micronutrientes, uma vez que o cálcio e o manganês se inibem mutuamente. Verificamos que, à medida que aumenta a absorção de Mn, baixa a de Ca e vice-versa.
Em solo sombreado e, portanto, mais úmido na superfície, a absorção de potássio é maior, podendo chegar a ponto do solo se esgotar nesse elemento, uma vez que condições permanentemente favoráveis à absorção de um determinado elemento são igualmente condições que aceleram seu esgotamento. Assim, no Rio Grande do Sul, nos solos rasos da fronteira, com nível elevado de cálcio e pH acima de 6,3, o molibdênio tornou-se deficiente por ter permanentemente condições boas para sua absorção. Em solos ácidos, porém, a elevação do nível de cálcio, através de uma calagem, aumenta a disponibilidade de molibdênio, que era presente sem poder ser absorvido.
As vantagens da sombra são: as árvores de sombreamento atuam ao mesmo tempo como quebra-ventos, diminuindo a ação dos ventos secos e quentes. A temperatura dentro da cultura e no solo superficial será maior e sua drenagem será melhorada pelas raízes das árvores de sombreamento. As árvores de sombreamento transportam, também, nutrientes do subsolo à superfície, que serão incorporadas ao solo superficial com as folhas caídas.
Geralmente adicionam nitrogênio, que pode ir até 100kg/ha. Haverá muito menos ervas invasoras e menos doenças vegetais. Assim, na Costa Rica, o ataque de Phytophtora palmivorum em cacau é mais intenso em plantações sem sombra do que nas sombreadas. O solo sombreado conserva sua bio estrutura favorável sem que haja necessidade de se preocupar com ela e portanto, é capaz de manter o vigor das plantas. Porém, as árvores de café, cacau e chá-da-índia, em solos esgotados, pouco reagem à adubação quando sombreados a 100%. A sombra de luz deve ser aproximadamente 30%, devendo ser escolhidas árvores preferencialmente não concorrentes em água. Em zonas com nível freático muito profundo e com “veranicos” pronunciados, desaconselha-se o uso de árvores de sombreamento, mesmo à base de 30% e aconselha-se o sombreamento do solo. Normalmente as colheitas de plantações com 30% de sombra são menores do que as de plantações não sombreadas, porém são mais estáveis, sem grandes oscilações e seu custo é menor.
Resumindo: plantas insoladas gastam mais cálcio e, portanto, necessitam de calagem. Elas gastam igualmente mais nitrogênio, necessitando uma adubação maior. Em solos insolados as colheitas são maiores, mas as plantas necessitam mais potássio, zinco e magnésio. Pela retirada de sombra modificam-se as necessidades da cultura! Se estas exigências não forem atendidas, uma cultura insolada pode proporcionar menor lucro que uma sombreada, por exigir maiores investimentos, que de maneira alguma têm seu retorno garantido quando o solo estiver física, química e biologicamente decaído.