Agroecologia e a importância do agricultor

Introdução:

Atualmente existem 3 tipos de agricultura:

  1. a CONVENCIONAL  ou  QUÍMICA que considera o solo somente como suporte e que mandou seus especialistas para todos os paises e continentes para ensinar aos agricultores como matar seus solos, para que o ‘pacote’ químico tinha chance de ser utilizado integralmente,  salvando a indústria da falência.

Mata-se um solo:  pela 

    a)  calagem corretiva – que faz  decompor  matéria orgânica (pais ricos filhos pobres!)

    b) pela aração profunda, tanto faz se usa um arado, uma grade Romey ou uma enxada rotativa pesada que anima a vida do solo e faz decompor a maior parte da matéria orgânica. (4 horas depois da aração paira uma nuvem grossa de gás carbônico sobre o solo, que depois sobe, aumentando o efeito estufa.)

    c) pela adubação nitrogenada, que aproxima o C/N (proporção carbono/ nitrogênio)  nos restos vegetais  do solo, (por ex. C/N  45 / 1 para C/N 15 / 1 ) e que possibilita que os micróbios decomponham também estas partes mais resistentes da matéria orgânica, como ligninas. Agora o solo quase não possui mais nenhuma matéria orgânica e  portanto a vida microbiana diminui radicalmente. O solo desagrega, compacta, fica duro e  não produz quase mais nada sem todo este pacote da agricultura convencional, que aqui encontra seu eldorado.

          Dizem em Nicarágua: A agricultura convencional é a exploração sofisticada de  solos mortos.

A agricultura convencional continua com a

  • Adubação com NPK que adiciona somente 5 elementos,( N, S. P. K, Cl) enquanto que a planta necessitaria de 45, desequilibrando a nutrição vegetal.
  • Defensivos: Como a planta precisa ao redor de 45 nutrientes, mas recebe  somente 5, as plantas são desequilibradamente  nutridas, e geralmente deficientes em quase todos elementos que não foram adubados, uma vez que em solos mortos não existe a microvida que possa mobilizar os nutrientes indispensáveis. Graças a estas deficiências as plantas são atacadas por insetos e micróbios, especialmente fungos, mas também bactérias e vírus, que a natureza utiliza para eliminar as plantas deficientes que ela considera ‘doentes’, incapazes para garantir a continuação de uma vida sadia. Agora, para evitar que as ‘pragas e doenças’ consigam fazer isso, elas são combatidos por defensivos cada vez mais tóxicos. Sobrevivem plantas e animais deficientes, degenerando.
  • Herbicidas: Para manter os solos limpos de plantas nativas – indicadoras das deficiências  e das condições físicas do solo  (compactado, sem ar e com  pouca água que não conseguiu  infiltrar-se nos solos mortos), usam-se herbicidas. E para poder utilizar herbicidas cada vez mais tóxicas, passou-se a transgenia…
  • Irrigação: como nos solos mortos e compactados entra pouca água de chuva – e as chuvas  se tornam cada vez mais incertas,  irriga-se – embora que a água doce esta desaparecendo cada vez mais rápido , nas regiões com solos mortos e compactados.
  • Clima: como as florestas são desmatadas, para cultivar áreas cada vez maiores, especialmente com cana-de-açúcar e soja, o vento passa livremente pela paisagem levando um equivalente de até 750 mm de chuva por ano. Os solos compactados, mantidos a limpo, aquecem  muito. Aquece também o ar sobrejacente do solo. O ar quente sobe voltando da terra para a atmosfera. E quanto mais quente for, tanto mais rápido sobe,  (até 400 km / h) até formando tufões. Mas como é impedido de se dissipar (perder) para o espaço, graças a camada de gases-estufa ( Carbono, metano e oxido nitroso) o nosso Planeta está aquecendo.e secando, formando-se cada ano mais 10 milhões de hectares de desertos.   

Pode-se concluir que a ‘agricultura convencional’ está diminuindo cada vez mais as possibilidades da continuação de vida em nosso planeta. Compactam os solos mortos, diminuem a água subterrânea e com ela as fontes e rios. As chuvas se tornam mal distribuídas, os ventos levam a umidade do solo e do ar acima dele. Aumentam tempestades e tufões, aumentam os desertos, aquecem o clima e com cada grau a mais de temperatura na média anual, as colheitas baixam em 12,5% .

2 – A AGRICULTURA ORGÂNICA

    Acredita-se que a agricultura orgânica é a salvação. Ela produz também  alimentos muito mais saudáveis, embora seja bastante trabalhosa,  exigindo sacrifícios grandes do agricultor. Orientada por uma lista longa de proibições e algumas recomendações, sua base é o  uso de composto cuja proveniência, às vezes, nem é orgânica mas  convencional, sendo os  resíduos vegetais ou estercos utilizados de propriedades convencionais. E, apesar de todos os  sacrifícios do agricultor, ele produz pouco e por isso necessita ser ‘certificado’ para poder  receber  um ‘preço acrescido,’ que torna sua produção um “produto de luxo”, não acessível a todos, razão porque boa parte do  produto é exportada.

Por quê a agricultura ‘orgânica’ produz pouco ?

A agricultura orgânica,  tem os seguintes problemas:

1)  continua trabalhando em solos mortos, embora aplique liberalmente composto do qual acredita que sempre melhora o solo e nutre as plantas.

2)  trabalha  até 45 cm, virando o solo morto à superfície que se desmancha na chuva ou abaixo de irrigação, e asfixia o solo vivo  virado para abaixo. Agora o solo é pior do que era antes do revolvimento.

3)  enterra o composto, na idéia de que as raízes que descem agora encontrariam alimento lá embaixo, o que lhes animaria de descer mais. Mas:

    (a) o composto NÃO nutre as plantas, mas sim, a vida do solo. Esta vida mobiliza os minerais que depois nutrem as plantas.

    (b) o composto é material orgânico semi decomposto e portanto sofre  ainda futura  decomposição até virar : água – minerais – gás carbônico. No solo o composto continua a ser decomposto por microrganismos, porém agora, quando foi enterrado, é decomposto por organismos anaeróbicos, produzindo em lugar de gás  carbônico (CO2) gases como metano (CH4) e gás sulfídrico (SH2), ambos altamente tóxicos para as raízes das plantas. Estas fogem para a camada  superficial do solo, que geralmente é lixiviada pela chuva ou irrigação, e pobre em nutrientes e a cultura produz pessimamente.

         Pode se dizer:

        Graças ao composto, produzido com tantos sacrifícios, mas mal colocado no solo, o agricultor  produz muito menos do que podia.

4) o posicionamento da raiz.

    O agricultor orgânico usa o mesmo sistema de plantio de mudas (de hortaliças, flores  ou árvores) que é usado na agricultura convencional. Mas ele se esquece que o cultivo convencional não vive do solo mas é praticamente um cultivo em “hidropônico ao ar livre” onde se utiliza o solo somente como ‘suporte’ para as plantas  e não como meio de produção. Na agricultura convencional, graças à adubação frequente e irrigação constante, dispensam-se maiores cuidados de plantio. Porém, na Agricultura Orgânica o solo é o meio de produção  e a inter-relação solo-planta é intensa.

       A  raiz não  cresce, de qualquer maneira, para baixo. Ela sempre cresce na direção em que foi plantada: para baixo, para cima, para o lado, ficando dentro de uma alça ou de uma cova da qual não sai porque o solo, fora dela, é mais pobre. Foge de água estagnada, de gases tóxicos, de compactações de solo (onde sempre falta oxigênio.)

      A lógica da raiz não é exatamente a nossa e tem de ser  respeitada.

         Se a raiz for plantada direto para baixo, ela cresce para baixo e a planta cresce bem e produz otimamente, se não tiver lajes e compactações. Mas se a raiz da muda foi simplesmente  apertado com o polegar para entrar no solo, pode acontecer que entrou mal e virou para o lado  e continua crescendo para o  lado. Ou, caso que já foi  comprida demais, neste tipo de plantio a ponta da raiz vira para cima e continua crescendo para cima, ou seja, como não cresce fora do solo ela permanece pequena e a planta também, produzindo quase nada. Muitas vezes bem estar ou miséria de uma agricultor dependem do direcionamento da raiz.  O que fazer?

     a) o uso de um pau pontudo para fazer a covinha de plantio, onde a raiz, obrigatoriamente , vai para baixo.

        b) a poda da raiz: Existem horticultores que colocam a bandeja plantada (bandeja matriz) por cima de uma bandeja com o mesmo substrato (bandeja adicional). A raiz sai da bandeja matriz e entra no substrato da bandeja adicional e desenvolve otimamente. Antes de plantar, o agricultor passa a bandeja matriz por cima de um arame cortante, eliminando toda raiz que saiu dela. Agora a muda possui uma raiz forte, mas curta, e mesmo plantadores relaxados têm pouca possibilidade durante o plantio de virar a ponta da raiz para o lado ou para cima. Isso vale também para mudas de árvores frutíferas e de cafeeiros. Para estes vale a regra de antes do plantio, sempre cortar os últimos 2 cm do saquinho onde se criou a muda, para evitar que a raiz  já vire para o lado ou rodeie no fundo do saquinho e seja plantada deste jeito.

c) poda mais alternância de irrigação

Na Ásia plantam mudas de arroz ou muito novas ( 8 dias) ou com raiz podada junto com um regime de alternância de irrigação e drenagem que faz a raiz seguir a água para baixo, quando este recua durante os dias de drenagem, E em lugar de 1,6 to/ha colhem 18,0 t/ha. A diferença não é alguma adubação (lá não adubam) mas a penetração da raiz para dentro do solo. (Não funciona em solos muito arenosos, onde o ‘horizonte de redução’ pode alcançar até 80 cm. Quanto maior o volume de raiz, tanto mais solo ela explora, tanto melhor a planta será nutrida e tanto maior será a colheita.

d) o boro

         Mesmo se todas as condições para o desenvolvimento radicular são boas, com solo bem agregado e solto e raiz corretamente plantada, mas se faltar boro, a raiz não cresce. O boro é indispensável para que a folhaconsiga mandar substâncias fotossintetizadas à raiz. Porém como monossacarideos, que são o produto imediato da fotossíntese, elas  não migram. Para poder migrar tem de ser transformadas para dissacarídeos e esta transformação somente é feita em presença de boro. Sem boro as substâncias que a raiz precisa ficam paradas nas folhas.

         Pelo aquecimento do clima, cálcio, boro e cobre estão cada vez menos disponíveis no solo e faltam às plantas. Colocam-se entre 8 a 15 kg /ha de bórax ou qualquer outro produto bórico, que todos possuem  12 a 14% de boro.  ‘Nabisco’ ou ‘nabo bravo’ são indicadoras da deficiência de boro e manganês  (usam-se 10 a 12 kg/ha de sulfato de manganês). E se a cultura como cana-de-açúcar ou milho deitam  facilmente, indica que a falta de cobre é séria (usam-se 3 a 4 kg/ha de sulfato de cobre).

e) a irrigação

quando os cultivos murcham facilmente com duas a três horas de sol, não é sempre a falta de água.  Pode ser que

  • o solo esteja compactado e a raiz não consegue desenvolver-se e retirar o suficiente água.  
  • ou existe um vento permanente que leva a umidade, (até 750 mm/ ano)
  • ou a raiz é muito superficial. Isso ocorre quando:

à a Matéria orgânica foi enterrada. Se a M.O. é enterrada as raízes cheiram mal, parecido a ovo podre.

          à  ou se há falta de boro a raiz é muito pequena e superficial : 

  • ou o ar é muito seco por falta de florestas na região

         Portanto, não é sempre somente a irrigação que resolve, mas exige-se igualmente o controle do fator que leva a falta de água.

f)  Solos super-irrigados e até encharcadas também sempre indicam algum problema:

– ou a raiz é muito superficial por causa de matéria orgânica enterrada, – ou falta boro (raízes muito pequenas somente na camada superficial),

– ou falta cálcio onde as raízes engrossam muito, as vezes até parecendo mandioca, mas tem poucos pêlos de absorção.

– ou a raiz foi mal posicionada

Seja ciente: em  terras super-irrigadas, onde o solo até é encharcado, sempre existe um problema, fora da seca.

A irrigação calibrada para 7 a 10 mm/dia deixa as raízes crescerem muito superficiais porque a água somente molha alguns centímetros superficiais do solo, sendo o solo abaixo seco. Aí as plantas necessitam  de rega diária. É mais interessante aumentar o volume de água por vez (20 a 25 mm) mas irrigar mais espaçadamente todos 3 ou 4 dias. A vantagem é que o solo umedece até mais profundo e as raízes não permanecem superficiais mas ´penetram’ também mais profundo no solo.

       Quando os solos forem cobertos por matéria orgânica (‘mulch’) eles podem conservar sua umidade durante até 3 meses, E, se também o vento for controlado, (faixas com árvores ou arbustos como: quebra-ventos) até 4 meses. Existem agricultores que plantam até 1/3 de sua área com capins de porte grande (napier, colonião, guatemala e outros) somente para picá-los e usar como cobertura do solo. E vale a pena !

  • A AGROECOLOGIA

         Ecológico refere-se ao sistema natural de um lugar. Quer dizer: ao solo, a água, ao clima, todos seres vivos. Dos micróbios às plantas e até os animais que aqui habitam e suas inter-relações.

         Se trabalhamos conforme o meio ambiente e  suas leis, alterando-as  o mínimo possível, aproveitamos do potencial natural do solo neste ambiente.

         Por isso a Agroecologia depende das experiências pessoais de cada agricultor em sua terra e ninguém o pode ajudar a não ser ele mesmo e talvez o vizinho.

Seja ciente: Na natureza não existe nenhum fator isolado, tudo e todos são interligados e trabalhar ecologicamente é trabalhar com esta teia de vida

A Agroecologia baseia-se praticamente em 5 pontos fundamentais:

(1) solos vivos (agregados) que se revolvem pouco ou nada e que, se puder, mantém-se  em seu estado natural.

(2) biodiversidade

(3) proteção do solo contra aquecimento excessivo e o impacto da chuva e contra o vento permanente.

(4) posicionamento correto das raízes

(5) auto confiança do agricultor

Solo vivo

         Quer dizer com a microvida mais diversificada possível, a qual agrega o solo de modo a torná-lo grumoso, permeável para ar e água e geralmente humoso. É esta vida que mobiliza os nutrientes. Em clima temperado os solos são rasos e ricos. Em clima tropical são profundos e pobres, até paupérrimos, mas mesmo assim em estado nativo, produzem 5 a 6 vezes mais de que um solo temperado. Seu segredo é a vida diversificada que consegue mobilizar os nutrientes necessários.  Mas toda vida necessita de alimento, e a vida do solo vive de matéria orgânica. Não desta que sobrou no solo depois de toda movimentação e que aparece nas análises, mas desta que serve de alimento para os micróbios e que já pode ser comida e não aparece mais em forma disponível. Somente aparece um sinal que esta matéria orgânica existia: o solo agregado e grumoso.

De modo que pode aparecer na análise do solo ou não pode mais aparecer. Mas se as bactérias agregaram o solo é sinal que existia em quantidade suficiente.

Biodiversidade

         Na natureza nativa existe a máxima diversidade de plantas por área. Prova maior é a própria mata Amazônica. E para assegurar a biodiversidade, muitas plantas excretam gases que evitam o nascimento de sua própria semente num raio de até 50 metros de distância, como por exemplo as seringueiras, castanheiras, mogno, pau-brasil e outros. Isto é a razão porque derrubam um hectare de floresta para achar 35 m3 de madeira de lei (3 a 5 árvores) e os seringueiros caminham muito, para coletar algum látex.

Esta diversidade de vegetação existe para fornecer a mais diversificada matéria orgânica, que possibilita a mais diversificada vida microbiana a qual mobiliza os mais diversos nutrientes. Quer dizer sem biodiversidade os solos seriam paupérrimas, como indicam as análises químicas deles e com vegetação miserável. Sua produtividade depende da diversidade vegetal que é a base da diversidade microbiana.

Por outro lado, existem também plantas que defendem seu espaço contra outras espécies, Assim, por exemplo, gergelim não consegue crescer perto ou em rotação com sorgo, girassol prejudica violentamente o desenvolvimento de batatinhas, tomateiros e fumo, funcho não se dá com nenhuma hortaliça a não ser com coentro, todas as outras ele prejudica, baixando suas colheitas.

Na agricultura a biodiversidade não pode ser tão grande como na natureza, mas é muito importante. As possibilidades que temos são as seguintes:

  • rotação de ao mínimo 5 culturas (que as vezes é muito difícil por causa do mercado que não compra qualquer produto em todas as regiões.  

 (b)  Plantar após cada cultura uma adubação verde para qual  usa  5 a 7 plantas diferentes.

(c) rotação de 2 anos de lavoura com 2 anos de pasto

(d) manejo do ‘mato mole’ , deixando de pé plantas nativas, que não prejudicam a cultura como por exemplo picão-preto, picão-branco,  beldroega, mastruço, botão-de-ouro, caruru, macela, losna brava, mentrasto, rubi etc. Assim, alface, repolho, cebola etc. crescem muito bem e até melhor abaixo deste  mato e muitas vezes sem precisar  de irrigação em épocas secas.

       O que não se pode deixar é o ‘mato duro’ como carrapicho-de-carneiro, capim-carrapicho, carrapicho-bravo, todos os capins, guanxuma e outros.

       Mas como todas estas plantas são indicadoras de solos compactados e estragados ou da falta de algum nutriente etc.  pode se concluir que  desaparecem  com o melhoramento do solo.

  • policultivos, como antigamente foram usados e onde os agricultores

       plantaram milho-feijão-mandioca-abóbora ou melancia – tomates etc. tudo numa só vez.  Ao colher deixaram a  palha no campo, que era  o adubo  e com isso conseguiram terras vivas, bem agregadas, e fértil e as culturas praticamente sem pragas e doenças.

De certo existem mais outras alternativas e cada um pode desenvolver a sua.

POSOCIONAMENTO CORRETO DAS RAÍZES      

         Este ponto já foi discutido. A importância deste ponto é enorme e a maior parte dos malogros da agricultura ecológica  depende dele.

PROTEÇÃO DO SOLO  contra:

      a) insolação direta (aquecimento excessivo) e o impacto da chuva que causa ersoão e enchentes.

      b) vento   

O grande problema atual é o solo morto, compactado pelo impacto das chuvas e o peso das máquinas, exposto sem proteção a uma insolação impiedosa. O aquecimento excessivo do solo – no Brasil até 74oC e na África até 83oC – é a origem do aquecimento do clima.  A camada de gases não é quente. Quente é o ar que sobe do solo aquecido e que a camada de gases impede de se perder para o espaço. E a própria agricultura contribui a estes gases-estufa com a mesma quantidade que todos automóveis, caminhões, fabricas e aviões juntos.

Os solos deveriam ser cobertos, o máximo possível, seja por uma camada de palha ou ‘mulch’, uma vegetação densa e em parte, por floresta.

A vantagem é, que nestes solos cobertos

= a água penetra com muito mais facilidade de que em solos descobertos e  compactados. Para a água penetrar, a camada de palha não precisa ser mais   grossa de que 2 cm e

= a umidade se perde muito menos podendo, um solo coberto ( 5 cm),

    permanecer úmido durante até 4 meses de seca.

         Um grande problema é o vento, que no Brasil pode levar até 750 mm/ano de chuva. (Nas estepes russas leva até 82% ). A planta absorve a água do solo e a evapora. Se não tem vento para levá-la, o ar se satura com vapor de água e a planta não transpira mais. Mas se o vento leva esta umidade, a planta bombeia mais água do subsolo para o ar até o solo seca. De certo uma brisa de vento refresca o trabalhador, porém seca o solo e a paisagem que graças a ele se torna semi-árida e até deserto.

Sem vento, a produção aumenta muito.

Se também o vento for controlado, por renques de vegetação maior, até milho e sorgo já serve, embora renques de árvores são melhores a paisagem se torna mais úmida e as culturas produzem muito mais.          Assim, na região saariana na África, tenta-se combater o deserto por renques contra o vento, porque o deserto avança 70 km por ano, através do vento. Mas exatamente nestas regiões semi-áridas se criam cabras, que impedem o crescimento de qualquer árvore e portanto contribuem à desertificação. Assim, por exemplo, em Israel, no Monte Sinai, proibiram a andança de cabras e a floresta dos tempos bíblicos voltou.

A AUTOCONFIANÇA DO AGRICULTOR

         Durante dezenas de anos incutiu-se ao agricultor que ele não entende de nada porque não consegue interpretar análises químicas do solo. Diziam que era semi-analfabeto, porque nem sempre podia ler e escrever como os agrônomos e juizes e que devia perguntar sempre “o que fazer”, e aí, invariavelmente recebeu uma receita para comprar  máquinas e insumos.

Mas pergunta-se: não foi exatamente o agricultor que financiou a industrialização?  A profissão do agricultor é de ser escrivão ou de cultivar a terra?  A cidade vive do campo ou o campo vive da cidade? Comemos alimentos ou comemos atas?  Tiramos o leite de vacas ou de automóveis? As frutas crescem em árvores ou em torres de televisão?

E onde o agricultor pára de perguntar: ‘o que faço,’ mas pergunta: ‘porque ocorre’, aí muda a situação. Ninguém sabe lhe responder isso. Somente ele mesmo tem de descobri-lo. Observar, pensar, experimentar… E de repente ele produz melhor. Começa a ganhar autoconfiança, acredita no que ele vê, pensa e faz e agora ele produz 2 a 3 vezes mais do que a melhor agricultura química. E aí ele se dá conta: não é escrivão, mas é produtor de alimentos junto com  a natureza que Deus fez, respeitando as leis eternas, acreditando em si.